Luís Fernandes é ciclista profissional desde 2012, atualmente ao serviço da Equipa UCI Continental Radio Popular Paredes Boavista.
1 - Luís Fernandes, o que significa para ti a Serra da Estrela e subir a mesma em competição, a somar as boas prestações, nomeadamente na Volta a Portugal de 2022?
Resposta: desde que me lembro de ver ciclismo e a volta a Portugal sempre me lembro da Serra da Estrela, uma etapa mítica e muito prestigiante para a quem consegue vencer e isso é o que me move e me da motivação para tentar fazer todos os anos melhor.
2 – Morando no Distrito de Setúbal, presumo que treines muito na Serra da Arrábida.
Mas esta não tem nem a altitude nem a distância da Serra da Estrela. Que treinos complementares fazes para puder enfrentar a Serra da Estrela com tão boa performance?
Resposta: muita gente não sabe, mas preparar uma subida á Serra da Estrela (Volta a Portugal) muitas vezes começa em Janeiro, onde, em 2022, fiz um estágio no algarve, em Monchique, no princípio da época. Depois com as competições como a Volta ao Algarve, o Grand Camino e mais algumas corridas durante a época vão dando algum ritmo competitivo ate começar a preparação a 100% para a Volta. Que passa por 15 dias na Serra da Estrela a 1500m de altitude. Depois passa por o troféu Joaquim Agostinho e 21 dias em Sierra Nevada a 2300m de altitude.
3 – Até porque sobes bem, mas não és um trepador nato, isto porque és bom em todos os terrenos, um autentico ciclista completo, certo?
Resposta: sim, pode se dizer que subo bem e já fui mais rápido do que agora sou, mas isso deve ser por causa da idade que perdes essa explosão. Quanto ao contra relógio, nunca foi o meu forte por falta de treino especifico e por características tenho tentado melhorar.
4 – Que dicas de treino podes dar aos participantes do Granfondo Serra da Estrela, para treinarem, ao longo destes 6 meses, até ao dia da prova – 25 Junho de 2023?
Resposta: Não têm de fazer subidas longas para subir a Serra da Estrela, podem fazer treinos com acumulado, com passagens em subidas de 15 a 20 minutos a um ritmo desconfortável, duas vezes por semana com três repetições, como “por exemplo: subir a Arrábida, pela subida da Secil, descer pelo Convento e Figueirinha e subir pela subida da Secil de novo. Como nós dizemos, fazer a volta à Serra - 2 a 3 voltas.”
5 – Em 2023, iremos ter na distância Granfondo a subida Vide – Torre, 30kms a 6%, passando pelo mítico Adamastor, depois de ultrapassadas ao longo do percurso outras subidas também duras, mas menos extensas. Para um atleta amador, que dicas podes dar em termos de gestão de esforço ao longo da subida?
Resposta: Alimentarem-se bem antes de começar a subida mas também ao longo da subida, hidratar ao longo da mesma, manter um ritmo em que vá desconfortável mas que saiba que aguenta toda a subida. E desfrutar da subida e das paisagens! :)
6 – No ponto mais alto da Torre, teremos 1993 mts de altitude. Pessoalmente, sentes atualmente algum efeito da altitude ao subir a Serra da Estrela?
Resposta: Sim, normalmente as primeiras vezes sentimos sempre alguma falta de oxigénio, por isso e que faço sempre uma adaptação de 10 a 15 dias na Serra da Estrela a 1500 metros de altitude e depois mais 21 dias em Sierra Nevada a 2300 metros de altitude para termos a melhor preparação e recuperação para enfrentar essas subidas a mais de 1800 metros de altitude
7 – Que dicas podes dar aos nossos participantes para colmatar possíveis efeitos da altitude?
Deixa-nos frisar para os nossos participantes que estes efeitos nunca serão graves, talvez alguma dificuldade respiratória, que pode dificultar a performance na subida, mas faz parte do desafio de subir ao ponto mais alto de Portugal Continental!
Resposta: Os efeitos nunca serão totalmente limitativos, para gerirem o esforço de forma a manter as frequências cardíacas estáveis, assim como a respiração ao longo de toda subida.
8 – Obrigado Luis pelas tuas partilhas e, se possível, gostaríamos muito de te ter no dia 25 Junho de 2023 na partida, ao lado dos nossos participantes!
Resposta: Não posso prometer estar presente face ao calendário de competições que irei ter, mas tenho todo o gosto em ser Embaixador do Granfondo da Serra da Estrela 2023! Boa prova!